EUA descobrem Esquema Norte-Coreano de Espionagem

 


O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou, esta segunda-feira, acusações criminais no âmbito de um alegado esquema promovido pela Coreia do Norte para financiar o seu programa de armamento, através dos salários de trabalhadores remotos da área das tecnologias de informação contratados inadvertidamente por empresas norte-americanas.

As acusações resultam de uma operação de âmbito nacional, descrita pelas autoridades como complexa e de larga escala, que culminou também na apreensão de contas bancárias, websites e computadores portáteis utilizados para perpetrar a fraude, segundo avançou a agência Associated Press (AP).
Dois processos distintos, um no estado da Geórgia e outro no Massachusetts, integram este novo esforço do Departamento de Justiça para combater uma ameaça considerada persistente. As autoridades afirmam que este esquema tem gerado receitas substanciais para o regime norte-coreano e, nalguns casos, permitido o acesso não autorizado a dados sensíveis e proprietários de empresas americanas que inadvertidamente contrataram estes trabalhadores.

O esquema envolvia milhares de profissionais de TI que, munidos de identidades falsas ou roubadas de cidadãos dos EUA, eram destacados pelo governo norte-coreano para se apresentarem como trabalhadores remotos disponíveis para empresas americanas — incluindo algumas das que integram a lista Fortune 500. As empresas eram levadas a acreditar que os trabalhadores se encontravam em território norte-americano, quando na realidade muitos operavam a partir da Coreia do Norte ou da China. Os salários pagos por estas empresas acabavam por ser transferidos para contas bancárias controladas por cúmplices associados ao regime de Pyongyang, segundo os procuradores.

“Estes esquemas têm como alvo as empresas norte-americanas, explorando-as para contornar as sanções internacionais e financiar os programas ilícitos do regime norte-coreano, incluindo o desenvolvimento de armamento”, afirmou John Eisenberg, procurador-geral adjunto e responsável pela Divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça, em comunicado.

Num dos casos revelados esta segunda-feira, no tribunal federal de Massachusetts, foi detido um cidadão norte-americano e acusadas mais de meia dúzia de pessoas de nacionalidade chinesa e taiwanesa, suspeitas de integrarem uma rede fraudulenta que, segundo o Ministério Público, terá gerado pelo menos cinco milhões de dólares em receitas e afectado mais de uma centena de empresas.
De acordo com os documentos do processo, os acusados terão criado contas bancárias para receber os lucros ilícitos, fundado empresas de fachada e desenvolvido websites falsos, com o objectivo de legitimar a presença dos trabalhadores remotos. Contaram ainda com o apoio de cúmplices a operar dentro dos Estados Unidos, que facilitaram o acesso remoto dos trabalhadores aos sistemas das empresas, induzindo estas em erro ao fazê-las crer que os acessos estavam a ser realizados a partir de solo americano.
O Departamento de Justiça não revelou a identidade das empresas visadas, mas confirmou que alguns destes trabalhadores fraudulentos conseguiram aceder e exfiltrar informação considerada sensível, incluindo dados relacionados com tecnologias militares avançadas.

Num outro processo, apresentado no estado da Geórgia, foram acusados quatro trabalhadores de TI norte-coreanos de utilizarem identidades falsas para se infiltrarem numa empresa de investigação e desenvolvimento em blockchain sediada em Atlanta, de onde terão desviado centenas de milhares de dólares em moeda virtual.

A tecnologia blockchain, que serve de base a criptomoedas como a Bitcoin, consiste num registo descentralizado e inviolável de transacções digitais, com aplicações cada vez mais abrangentes no mundo empresarial.

O Departamento de Justiça tem vindo a instaurar processos semelhantes nos últimos anos, tendo também lançado uma iniciativa específica com o objectivo de neutralizar esta ameaça emergente à segurança económica e nacional dos Estados Unidos.

AP News

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