Tenho visto recentemente posts no Facebook sobre a possibilidade de routers Wi-Fi serem hackeados, tanto por hackers comuns como por serviços secretos, como a CIA, e usados para espiar pessoas dentro de casa.
Questionei alguns conhecidos engenheiros informáticos e a resposta é que sim, é tecnicamente possível.
É possível identificar pessoas dentro de uma casa utilizando sinais Wi-Fi, mesmo sem câmeras ou sensores visíveis. Pesquisas recentes mostram que as ondas de rádio, ao reflectirem nos corpos, podem ser analisadas para criar assinaturas biométricas únicas de cada indivíduo.
O sistema WhoFi, desenvolvido pela Universidade La Sapienza de Roma, utiliza informações sobre o estado do canal (CSI) para analisar como os sinais Wi-Fi interagem com o corpo humano. Cada pessoa altera esses sinais de forma única devido à sua composição física, como densidade óssea e estrutura interna. Um modelo de rede neural profunda, similar ao usado em sistemas de inteligência artificial, processa estes dados para identificar indivíduos com uma precisão de até 95,5%.
Como funciona o Wi-Fi “visual”
O Wi-Fi emite ondas de rádio (tipicamente 2,4 GHz ou 5 GHz).
Estas ondas atravessam paredes finas e refletem em objetos e corpos, sendo ligeiramente alteradas em direção, velocidade e intensidade.
Ossos, músculos e órgãos com diferentes densidades provocam difração e dispersão, criando uma espécie de “sombra” ou assinatura única no sinal, mesmo através de paredes.
Qualquer router moderno (doméstico, 2,4 GHz ou 5 GHz) gera os dados necessários para detectar presença ou movimento.
Vantagens sobre métodos tradicionais
Ao contrário das câmeras, que podem ser obstruídas ou ineficazes em condições de pouca luz, o WhoFi consegue operar através de paredes e obstáculos sólidos, identificando pessoas mesmo em ambientes escuros ou parcialmente cobertas. Além disso, não requer instalação de dispositivos adicionais, funcionando com routers comuns.
Implicações para a privacidade
Embora não capture imagens visuais, o WhoFi cria uma impressão digital única baseada na anatomia de cada pessoa, levantando preocupações sobre vigilância invasiva. Qualquer rede Wi-Fi pode, em teoria, identificar indivíduos sem o seu conhecimento ou consentimento. Uma vez identificada, a pessoa pode ser rastreada em diferentes locais que utilizem a mesma tecnologia.
Um hacker ou agência de espionagem necessita apenas de um laptop com software de IA capaz de:
Ler a informação detalhada do canal (CSI – Channel State Information).
Analisar pequenas alterações causadas pelo corpo humano.
Identificar padrões únicos.
Medidas de proteção
Solução passiva:
VPN e firewall: reduzem significativamente o risco de invasão digital, embora não o eliminem totalmente.
Router com controlo de potência: permite limitar o alcance do Wi-Fi à área desejada, como apenas uma sala ou apartamento.
Redes com fios: substituem o Wi-Fi e eliminam o risco de vigilância baseada em ondas.
Solução agressiva:
Desligar o router quando não estiver a ser utilizado. Sem sinal ativo, não há como interferir remotamente nem analisar movimentos dentro da casa.
Silvio Guerrinha
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