Trump sugere ataque dos EUA dentro da Venezuela e Maduro reforça tropas no Caribe
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu neste domingo (7) a possibilidade de ordenar ataques contra o "Cartel de los Soles" dentro do território da Venezuela. Questionado por jornalistas sobre a medida, respondeu de forma directa: “Já verão”. A declaração ocorre entre aumento das tensões entre Washington e Caracas, após operações militares americanas no Caribe para combater o narcotráfico.
A afirmação de Trump veio poucos dias depois de advertir que qualquer aeronave venezuelana que represente ameaça às forças dos EUA na região será derrubada. Na semana passada, caças F-16 venezuelanos sobrevoaram brevemente um navio militar norte-americano em missão antidrogas, episódio que levou o Pentágono a enviar caças F-35 para Porto Rico e ampliar a presença militar na área.
O governo americano já deslocou oito navios de guerra e um submarino nuclear para o Caribe, configurando uma das maiores mobilizações navais das últimas décadas na América Latina. Segundo a Casa Branca, a medida faz parte da operação dos EUA contra o tráfico de drogas.
Por sua vez, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, anunciou neste domingo um reforço da presença militar em cinco estados do país que ficam no Caribe, incluindo Zulia, Falcón e Nueva Esparta.
“Ninguém vai vir fazer o trabalho por nós. Ninguém vai pisar nesta terra para fazer o que nos corresponde fazer”, declarou o ministro em vídeo publicado nas redes sociais.
O pano de fundo da escalada entre EUA e Venezuela inclui as acusações formais da Casa Branca contra Maduro por narcoterrorismo e o aumento da recompensa pela sua captura para US$ 50 milhões. Washington vincula o ditador chavista ao chamado Cartel de los Soles e a redes de narcotráfico internacionais, e justifica a sua operação no Caribe como parte de uma ofensiva para reduzir a entrada de drogas no território americano.
As tensões também coincidem com a decisão de Trump de restaurar recentemente o antigo nome do Pentágono, que voltou a ser chamado de Departamento de Guerra. Segundo ele, a mudança reflecte o momento actual.
Cheira-me a Petróleo
Note que os Estados Unidos têm um longo historial de terem invadido países (com argumentos de haver armas nucleares, ou libertar o povo de uma ditadura) mas apenas por interesses no petróleo desses países:
Exemplos:
1990–1991 — Guerra do Golfo (libertação do Kuwait)
A invasão do Kuwait por Saddam Hussein e a resposta liderada pelos EUA foram, além do princípio de reversão de agressão, fortemente ligadas à protecção das rotas e reservas petrolíferas do Golfo e à estabilidade do mercado mundial de petróleo.
2003 "Operation Iraqi Freedom", Invasão do Iraque.
Oficialmente justificada por alegadas armas de destruição massiva e combate ao terrorismo, muitos estudos e analistas discutem também interesses estratégicos e económicos no sector petrolífero iraquiano como factor relevante.
2011 — Intervenção NATO na Líbia (queda e morte de Muammar Gaddafi):
A intervenção foi apresentada como protecção de civis (Resolução ONU 1973); contudo, vários analistas e estudos críticos argumentam que os interesses petrolíferos e geopolíticos na Líbia (reservas e infra-estrutura petrolífera) foram componentes importantes na dinâmica da intervenção e do pós-conflito.
2002–2003 (e até época actual) — Venezuela (tentativas de desestabilização, golpe de 2002, pressão económica e sanções)
A Venezuela é um petro-estado e houve um histórico prolongado de intervenções, apoio a opositores, sanções económicas e pressões diplomáticas; muitos observadores apontam que o controlo e as condições de exploração do petróleo venezuelano foram (e são) um factor central nas relações com os EUA. Recentemente houve intensificação de tensões, manobras militares e acusações mútuas (e há debates sobre as razões reais por trás das escaladas, incluindo alegações de narcotráfico usadas como justificação).
Em todos os casos acima existe evidência documental, jornalística e académica que liga interesses petrolíferos às decisões políticas/estratégicas.
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