Elevador da Glória- A Culpa irá morrer Solteira?

 


Ao que tudo indica, nos noticiários televisivos — em particular na RTP e RTP3, serviço público de televisão — tem havido uma tentativa de “limpar a imagem” da Câmara Municipal de Lisboa, do seu presidente Carlos Moedas e até da própria Carris.

Filipe Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afirmou que foram realizadas inspeções periódicas ao Elevador da Glória, bem como inspeções diárias.

No entanto, trata-se de um jogo de palavras, uma questão meramente semântica. Na prática, as chamadas “inspeções diárias” não passam de uma verificação visual, com a duração aproximada de meia hora. Ora, esse tipo de procedimento não permite avaliar o estado do cabo de aço — elemento essencial do sistema — que permanece oculto debaixo do solo e ligado à estrutura do veículo através de um suporte conhecido como trambolho. Assim, uma simples observação exterior não possibilita identificar eventuais danos ou fragilidades no cabo, o qual acabou por ceder, originando o trágico acidente.

Comparando metaforicamente: este tipo de “inspeção” equivale a um perito olhar para os alicerces de um edifício e, sem recorrer a qualquer exame técnico (como radiografias ou detecção de microfissuras), concluir apressadamente que “está tudo bem”.

Essa é também a opinião de especialistas:

Fernando Branco, professor catedrático do Instituto de Engenharia Mecânica pôs em causa a inspeção realizada no dia do acidente e afirmou"que em meia hora era impossível detectar a ruptura por fadiga do cabo" do elevador da Glória.

Rosário Macário, professora de Engenharia Civil, considera que protocolos de manutenção têm de ser ajustados de acordo com a utilização.

Convém recordar que o Elevador da Glória já tinha apresentado problemas no passado. Em Maio de 2018, pelas 07h30, ocorreu um descarrilamento. Mais recentemente, em 2024, voltou a registar-se um incidente que, contudo, foi abafado. Nessa ocasião não foi divulgado qualquer relatório técnico da empresa de inspeções à Carris.

No caso de 2024, o equipamento chegou a subir cerca de 50 metros antes de cair em queda livre, no percurso ascendente entre a Praça dos Restauradores e o miradouro de São Pedro de Alcântara. Nenhum dos sistemas de travagem — nem o automático, nem o pneumático — funcionou. A única garantia de segurança residia no próprio cabo.

Fonte CNN


Conclusão: afirmar que “está tudo bem” e que “as inspeções foram realizadas” não passa de uma falácia.


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