Zara e H&M, algodão contaminado e Corrupção

 


Que vergonha, mas marcas de roupa "Zara" e a "H&M" foram investigadas por uma organização não-governamental britânica "Earthsight".
Verificou-se associação a desflorestação ilegal, apropriação de terras, violência e corrupção no Brasil.
A investigação divulgada esta quinta-feira (11 de Abril) analisa o grande desenvolvimento da produção brasileira de algodão, para exportação, e segue o destino de mais de 800 mil toneladas desse algodão, contaminado, mas certificado, para empresas na Ásia, onde é transformado em peças de roupa para as marcas venderem depois especialmente na Europa.
Pois, parece que aqui compramos roupa contaminada.

A "Earthsight" revela, no extenso trabalho, que passou mais de um ano a analisar imagens de satélite, decisões judiciais, registos de embarque, e a ir disfarçada a feiras comerciais globais para localizar e seguir esse algodão.
Produzido no Cerrado brasileiro por duas grandes empresas (que negaram qualquer ilegalidade), o algodão foi vendido entre 2014 e 2023 a oito fabricantes de vestuário em países como a Indonésia, o Paquistão ou o Bangladesh, fornecedores da Zara e H&M.

As fazendas de algodão em causa, diz a investigação, têm um longo historial de processos judiciais, casos de corrupção, desmatamento ilegal de 100 mil hectares de terra e apropriação indevida de terrenos no Cerrado, uma região que cobre um quarto do Brasil e abriga 5% de todas as espécies do mundo, incluindo tatus e papa-formigas.

Mais de metade do Cerrado foi desmatado para a agricultura em grande escala, nomeadamente para algodão, fazendo com que centenas de espécies estejam em vias de extinção devido à perda de habitats.
Em 2030, o Brasil deverá ultrapassar os Estados Unidos como maior exportador de algodão do mundo, segundo o documento. Esse crescimento do algodão levou ao declínio das comunidades tradicionais.
A "Earthsight" fala de uma "mistura ruinosa de corrupção, ganância, violência e impunidade", que levou ao desvio de terras públicas e à apropriação de terras das comunidades locais, que são sujeitas a intimidação e roubo de gado.

As empresas e os consumidores na Europa e América do Norte estão a impulsionar o desmatamento, invasão de terras e violações dos direitos humanos de uma nova forma, "não pelo que comem, mas pelo que vestem", diz a "Earthsight", que nota que nem a H&M nem a Zara compram o algodão diretamente aos produtores.

"Todos os anos, milhares de milhões de litros de água doce são desviados para campos de algodão, que são encharcados com 600 milhões de litros dos pesticidas mais venenosos", diz a ONG, que deixa ainda outra denúncia sobre a certificação do algodão.
A "Earthsight" diz que a maioria dos produtos da H&M e da Zara são fabricados com algodão como selo "Better Cotton", uma empresa que tem sede em Genebra e em Londres, e que no passado foi várias vezes acusada de "greenwashing" (divulgação de falsas práticas sustentáveis através de ações de marketing), secretismo e incumprimento da proteção dos direitos humanos.
Perante as acusações da "Earthsight", a "Better Cotton" disse ter aberto um inquérito.

Fonte Jornal de Notícias

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